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Felipe Fogolari

ROMANCES TRÁGICOS INESQUECÍVEIS

Alguns romances ficaram imortalizados por seu trágico desfecho. Aqui pretendo relembrar três deles, que envolvem os(as) seguintes amantes: Romeu e Julieta, Tristão e Isolda, e Paolo e Francesca. Por certo existiram outros romances inesquecíveis, tais como os de Abelardo e Heloísa, Agostinho e Flora Emília, ou Werther e Charlotte, que podem ser abordados noutra ocasião.

Começo descrevendo o enredo de Romeu e Julieta, escrito por Shakespeare no final do século XVI, que retrata o amor impossível entre os jovens, em razão da inimizade de suas famílias (Capuletos e Montecchios). Julieta estava prometida a outro, e visita o Frei Lourenço pedindo-lhe ajuda para escapar do casamento. O Frei lhe dá um pequeno frasco, que uma vez ingerido faz com que a pessoa durma e fique num estado semelhante à morte por quarenta e duas horas. Lourenço promete que enviará um mensageiro para informar Romeu de tal plano que irá uni-los. Porém, a mensagem acaba extraviada e Romeu pensa que Julieta realmente está morta. Romeu compra um veneno fatal e dirige-se para a cripta dos Capuletos (família de Julieta). Acreditando que sua amada está morta, ele bebe a poção. Julieta acorda e descobre a morte de Romeu; suicida-se com o punhal dele, vendo que a poção do moço não possuía mais nenhuma gota. A peça teatral termina com a elegia do Príncipe para os amantes: “Jamais história alguma houve mais dolorosa / Do que a de Julieta e a do seu Romeu”.

O romance de Tristão e Isolda, por sua vez, remonta à Idade Média, e pode ser assim resumido: Tristão, exímio cavaleiro, a pedido de seu tio, o rei Marcos da Cornualha, vai até a Irlanda para trazer a bela princesa Isolda para casar-se com seu tio. Durante a viagem de volta à Grã-Bretanha, os dois acidentalmente bebem uma poção de amor mágica, originalmente destinada a Isolda e Marcos. Assim, Tristão e Isolda apaixonam-se perdidamente um pelo outro. Isolda casa-se com Marcos, mas mantém com Tristão um romance que viola as leis temporais e religiosas e escandaliza todos. Tristão termina banido do reino, casando-se com Isolda das Mãos Brancas, princesa da Bretanha, apesar de seu amor pela outra Isolda. Tristão é mortalmente ferido em batalha e manda que busquem sua amada para curá-lo. Enquanto ela está a caminho, a esposa de Tristão – Isolda das Mãos Brancas – o faz acreditar que Isolda não viria para vê-lo. Tristão morre, e Isolda, ao encontrá-lo morto, morre também de tristeza.

Por fim, o romance de Paolo e Francesca, que efetivamente aconteceu e foi descrito no Canto V do Inferno, de Dante Alighieri. Boccaccio, por sua vez, conta que o casamento entre Giovanni e Francesca foi arranjado para superar o conflito entre famílias rivais: a de Guido Polenta (pai de Francesca) e a dos Malatesta. Guido considerava Giovanni Malatesta um homem valoroso, que herdaria a condição de Senhor de Rimini após a morte de seu pai. Francesca teve um caso de aproximadamente dez anos com Paolo, irmão de seu esposo Giovanni, bravo guerreiro, embora “coxo e desancado”, e filho do senhor da cidade de Rimini. Giovanni surpreendeu e executou os amantes, transpassando com a espada seus corpos unidos no ato de amor.

Esses romances trágicos foram imortalizados em contos, livros, peças de teatro e filmes. Contudo, a propósito do transcurso do Dia dos Namorados, faço votos que todos possam ter a felicidade de viver um amor como o de Romeu e Julieta, Tristão e Isolda, ou Paolo e Francesca, mas sem ter de viver sua dor. Basta um amor feliz, anônimo, esquecido pela literatura, pela fama e pelas redes sociais. Como diria Adélia Prado, basta a felicidade aliterária do “amor feinho”.

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