Don Tonino Bello dizia que “o maior amor é aquele que sabe organizar a esperança”. O Rio Grande do Sul, mergulhado na tragédia das enchentes, tem acolhido uma multidões de voluntários, de incontáveis doações, bem como a criatividade de diferentes frentes de atuação que buscam colocar à disposição as suas capacidades e abraçar a urgência das necessidades.

Há outros que se reúnem para rezar ou que oferecem silenciosas preces e lágrimas. Há aqueles que abrem as suas casas secas para acolher famílias desconhecidas e encharcadas de lama, também as instituições que escancaram as portas, sem burocracias, para transformar tudo em um lar provisório, com aquilo que se pode fazer. Tudo isso, além de inúmeros outros sinais, nos asseguram que o amor é a única via possível para salvar o mundo!

O amor é capaz de superar a fragmentação do cotidiano, o simplismo do apego ao ego, a ditadura do “sempre eu”. A tragédia faz recordar um traço fundamental da identidade humana: somos relacionais, somos um mundo inteiro! Ninguém se realiza sozinho, ninguém é feliz trancado, contrariando toda lógica do nosso tempo! Aquela voz que disse, desde o início, para o primeiro ser vivente: “não é bom que esteja sós” (Gn 2,18), é uma tarefa para recuperar todos os dias a fim de escancarar as portas e as janelas da nossa vida para os vínculos e as relações.

Só o amor pode nos salvar e, mais do que nunca, o amor é construtor de esperança, contra toda desesperança! Já é possível tatear sinais do milagre acontecendo e o evangelho se realizando: “eu estarei com vocês, todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,20).