A celebração da Ceia do Senhor coloca o centro nos pés! O evangelho de João guardou esse gesto que configuraria uma das expressões máximas de Jesus: abaixar-se e lavar os pés dos discípulos (Jo 13,1-15)! Este é o ponto de partida do Tríduo Pascal e celebrar a Páscoa significa encontrar Deus nos pés dos irmãos!

Gosto muito da pintura do Sieger Köder que reflete o evangelho dessa quinta-feira. Jesus e Pedro inclinam-se mutuamente, mas Jesus está ajoelhado, totalmente voltado para Pedro que nem é possível ver o seu rosto. Jesus é inteiro servidor, inteiro servo, inteiro lavador dos pés. É na bacia com água que o seu rosto está refletido. É como se ele dissesse: se quiser me encontrar, procura nos pés!

A mão de Pedro levantada indica que ele não entendia aquele gesto: “Senhor, vais lavar os meus pés?” É que Pedro não tinha a dimensão do que estava acontecendo, tinha dificuldade de compreender Jesus como Messias do serviço e, pela arte, não consegue ver o seu rosto. Jesus disse: “agora não entendes, mais tarde compreenderás!”. Foi quando Pedro começou a servir, a doar-se inteiro que entendeu e deu testemunho de fé!

Pedro precisou fazer o itinerário da fé, sair dos apegos e das certezas e chegar ao ponto de partida de Jesus, os pés, para iniciar um percurso novo! Sem essa bacia, sem esse rosto refletido na água, sem os pés, a fé fica longe demais de Jesus Cristo!

O olhar de Pedro está voltado para os pés de Jesus que, na conclusão do evangelho de hoje diz: “vão e façam a mesma coisa!”. Sieger coloca ao lado desta cena, o cálice com vinho e um pão repartido. A mesa é um reflexo do corpo de Jesus e de Pedro que, a partir do lava pés, encontram na Eucaristia a unidade total! Fazer parte do Corpo de Cristo, reunir-se como irmãos, é encontrar Jesus refletido na bacia!