A radicalidade do ensinamento de Jesus, nesta Solenidade da Ascensão, encontra eco no meio da tragédia gaúcha. Como nunca na história, estas pessoas experimentam que acreditar é alcançar a salvação! A água que foi subindo, avassaladora, carregou tudo, tudo, mas encontrou gente capaz de acreditar! O verbo acreditar foi sendo conjugado de inúmeras maneiras, todas elas conduzindo para o mesmo ponto seguro: salvar-se! Quem crer, será salvo! Crer de novo, crer de novo, salvar de novo (Mc 16,15-20).

No percurso de uma vida, temos motivos para desacreditar, para perder a fé, para desistir de tudo… é que a ausência de Deus parece sufocante, parece um silêncio de quem não se importa. Aqui é preciso tomar consciência de que o verbo crer pode ser conjugado de outro lugar: Deus crê, primeiro! Deu salva, primeiro! Deus crê e salva cada um de nós, por isso, diz com Jesus: “ide pelo mundo inteiro”; “eu estarei convosco”. Deus é o Amor que confia, confia na humanidade solidária e generosa! É o milagre! Não crer, não acolher esse amor, não entender a ausência que é “presença outra”, é condenar-se ao desalento!

Não crer é ainda arriscado porque apegamos tão somente as nossas forças. E somos frágeis, limitados, erramos, caímos. Crer é alargar, é descentralizar, é ascender! Acreditar é a “inteligência” do céu! A Ascensão é a festa da confiança! É a festa de quem compreendeu que Deus salvou e que é preciso continuar a salvar-se, acreditando! A Ascensão é a festa para ativar a sabedoria do coração e comunicar sempre mais a vida, a vida possível em todas as circunstâncias, a vida que resiste e acredita que um barco vai chegar e que é preciso confiar, confiar naquilo que é possível! Confiar porque somos salvos, confiar para salvar!