Regressar a mesa!
A calma da nossa correria está na mesa, a companhia e a amizade se celebram nas mesas!
As últimas horas de Jesus foram marcadas por um ambiente hostil: traição, negação, violência. Mesmo assim, Jesus convidou seus amigos para uma ceia, para sentar-se à mesa e fazer uma refeição! É importante lembrar que esse gesto não foi pontual, inúmeras vezes os evangelhos narram Jesus à mesa com diferentes pessoas, inclusive os considerados pecadores públicos.
Aprendemos de Jesus a comensalidade! No evangelho de hoje está escrito: «vou celebrar a ceia Pascal em tua casa, com meus discípulos!» (Mt 26,14-25). Mesa, ceia e casa são um verdadeiro alfabeto da fé cristã! Dentro dessas categorias muitas coisas estão implicadas. Para Jesus, há algo muito importante: a mesa é um alargamento da história, da vida! A mesa é uma escola de partilha!
Assim como havia hostilidade e ironia com Jesus na mesa dos pecadores, há outras hostilidades no nosso tempo e uma delas são os famigerados smartphones que nos colocam na mesa sem estar a mesa, que fazem os dedos e as telas mais importantes que o diálogo, os olhares e o silêncio da mesa. É irônico que o volume da televisão seja o mais alto e que o solitário sofá pareça mais cômodo! Há quem não consiga mais se encontrar a mesa por conta dos horários de trabalho e há mesas que estão vazias e denunciam um grave pecado social!
Não foi com indiferença que Jesus reagiu. A hostilidade sempre existiu. Se Jesus insistiu na mesa é porque se trata de um lugar importante demais para a gente perder. Destruir a mesa significa bloquear relações, desorganizar a vida e a esperança. Precisamos resistir, precisamos regressar a mesa!
A calma da nossa correria está na mesa, a companhia e a amizade se celebram nas mesas! A força para sonhar o alimento está na mesa! Diferente da ceia judaica que era memória de um acontecimento passado, a mesa de Jesus Cristo é um itinerário para o futuro, é um projeto, é a comensalidade que resgatamos em toda Eucaristia!