Essa foto abaixo é de Liang Yaoyi, um menino chinês de 11 anos com tumor cerebral que, minutos antes de morrer, pediu para ter todos os seus órgãos doados. Conseguiu sussurrar, sem forças, o desejo de «salvar outros doentes». Ficou registrado na história essa imagem, de toda equipe médica reverenciando-o, na maca, e sua mãe, ao fundo.

Quando nós escutamos Jesus falar no evangelho, «sejam misericordiosos como o Pai» (Lc 6,27-38), são gestos assim que nos alcançam e nos calam! Talvez Liang nem soubesse o que é ser misericordioso, provavelmente nem seja um cristão, mas nele o evangelho se realiza, se torna forma, se revela em vida!

Não há forma de ser cristão fora do evangelho desta quinta-feira. Trata-se de um código de ética, de um estilo de vida – «os outros fazem assim, vocês têm de fazer assim…» Jesus provoca o discernimento de uma consciência diferente: «se fazem o bem somente a quem vos faz o bem, qual a diferença?» O «mais» de Jesus é «não esperar nada em troca», trata-se de uma outra lógica que é traduzida ainda por outras formas de viver: «amai os inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, falem bem de quem fala mal de vocês, rezem por aqueles que vos caluniam, não devolvam o mal com o mal».

É o coração do impossível! Como realizar essas coisas nesse tempo de vingança, de disputa, de ódio? A única resposta é que Jesus não disse que seria tudo imediato, que não nos convertemos de uma hora para outra, tudo é caminho, tudo é itinerário e, mais do que tudo, é Ele quem caminha bem perto de quem abre o coração para o impossível!

Uma forma de meditar essa passagem do evangelho é lembrar das pessoas que nos fizeram mal, de que temos dificuldade de conviver e/ou perdoar, pode ser que alguns abeiramos até de sentimentos de ódio, se for possível, rezemos por eles! É um gesto pequeno, mas que abre um outro mapa por dentro e que, tão logo, leva a dar outros passos! Até que tudo, também em nós, se torne dom, entrega total, gratuidade!