A ideologia totalitária, representada amplamente pelo nazismo e pelo fascismo, dentre as tantas atrocidades, efetivou o projeto de «limpar» as obras de arte de diversas cores para torná-las todas brancas: esculturas brancas, igrejas brancas… O projeto de branquear tem como centro a negação do espaço para o diferente. A alteridade não tem lugar!

Simone Weil, morta no campo de concentração, aos 34 anos, escreveu: «colocar a verdade antes da pessoa é a essência da blasfêmia!» Para ela, a criação humana é o centro de toda obra de Deus e a blasfêmia, que é a perversão de Deus, se traduz na depravação da humanidade. Negar a pessoa é tornar a blasfêmia sempre pior!

Os judeus, no evangelho de hoje, acusam Jesus de blasfemo (Jo 10,31-42). Fazem-no em «nome de Deus!» De um lado, Jesus tentava alargar a experiência do Pai revelando-se como Filho amado e caminho para Deus, de outro lado, os judeus fechavam-se cada vez mais e resistiam de tal maneira que “encheram as mãos de pedras para lançar sobre Jesus”.

Em nome de Deus se pode querer matar o filho de Deus! Em nome de Deus a humanidade já revelou não ser capaz de viver fraternalmente! As guerras religiosas e a intolerância continuam sendo uma ferida aberta que causa dor para o mundo e para Deus! Em nome de Deus há muitas pessoas que continuam com as mãos cheias de pedras!

Este é um dos compromissos mais urgentes: o outro não é meu inimigo! O diferente não precisa ser aniquilado! Com pensamentos e estilos diferentes, podemos caminhar juntos! A abertura ao diálogo e o enfrentamento da cultura do ódio precisa tomar parte dos nossos dias, a fim de tornarmos o mundo um lugar onde caibam todos «os mundos!»

Não usemos o nome de Deus senão para viver próximos dEle, em Jesus e através do Espírito, uma intimidade tamanha que leva a fidelidade com a vida, com a história e com a promoção do respeito e do amor!