Financiando a Última Guerra
Confira

Avança ajuda dos EUA para Israel e Ucrânia
A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou neste sábado, (20), um pacote de ajuda econômica de US$ 95 bilhões à Ucrânia, Israel e Taiwan, todos aliados americanos. O pacote segue para o Senado, onde também deve ser aprovado, e em seguida para a sanção do presidente Joe Biden, que pediu pressa aos senadores para assiná-lo o quanto antes.
O pacote votado também inclui projetos de lei que podem forçar a venda do TikTok nos EUA e a potencial transferência de ativos russos apreendidos para Kiev. A votação pôs fim a meses de impasses e bloqueios republicanos em torno do assunto. Do lado de fora da sede da Câmara, manifestantes demonstravam apoios difusos sobre os temas votados: havia protestos contra a ajuda a Israel, pedidos de ajuda pela Ucrânia e defesa do funcionamento do TikTok.
A ajuda aprovada equivale a R$ 494 bilhões, incluindo cerca de R$ 317 bilhões para a Ucrânia, R$ 135 bilhões para Israel e para a ajuda humanitária de civis na Faixa de Gaza e R$ 42 bilhões para Taiwan.
A aprovação da ajuda aos ucranianos contou com o apoio bipartidário, apesar da resistência de uma ala do Partido Republicano, que lidera a Câmara. O presidente Joe Biden solicitava o pacote desde outubro.
Apesar da resistência, o presidente da Câmara, Mike Johnson, assumiu o risco político de colocar o projeto para a votação. Quando a aprovação ficou clara, uma dúzia de deputados democratas agitaram bandeiras azuis e amarelas em alusão à Ucrânia para comemorar a continuidade da ajuda a Kiev.
No perfil do X (antigo Twitter), o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, disse se sentir grato aos deputados pela aprovação, que acontece no momento em que a guerra é mais favorável para a Rússia. “(O pacote) impedirá a expansão da guerra, salvará milhares e milhares de vidas e ajudará ambas as nossas nações a se tornarem mais fortes”, declarou.
Ao contrário da Ucrânia, a aprovação de ajuda a Israel possuía apoio bipartidário e era esperada. No entanto, cerca de 37 democratas se opuseram ao pacote por não incluir condições sobre como o governo israelense deve utilizar o dinheiro, em meio à críticas sobre o número de mortos na Faixa de Gaza. A aprovação aconteceu por 366 votos a favor e 58 contra.
O chanceler israelense, Israel Katz, comemorou a aprovação e disse que ela “envia uma mensagem forte aos nossos inimigos”. “A votação do pacote de ajuda a Israel com apoio bipartidário esmagador demonstra os fortes laços e a parceria estratégica entre Israel e os EUA, e envia uma mensagem forte aos nossos inimigos”, escreveu no X. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS).
Fonte: ZERO HORA, 22 de Abril de 2024.
E logo a seguir na mesma data, a habitual consequência desta “ajuda democrática humanitária” aos aliados (de quem? Para que?) como de hábito há mais de setenta anos com as tragédias monstruosamente rotineira.
ORIENTE MÉDIO
Bombardeios israelenses matam 18 em Rafah
Bombardeios aéreos israelenses na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, mataram 18 pessoas na noite de sábado, segundo o Ministério da Saúde de Gaza (comandado pelo Hamas), após aprovação do Congresso dos EUA para um pacote de ajuda militar e econômica para Israel.
Israel tem realizado ataques aéreos quase diários em Rafah, onde mais de metade da população de Gaza, de 2,3 milhões, procurou refúgio por conta de combates entre o Exército israelense e o grupo terrorista Hamas em outras áreas do enclave.
Tel Aviv promete há meses expansão da sua ofensiva para Rafah, porque o governo israelense acredita que se trata da última fortaleza do Hamas. Uma possível operação militar na cidade em a oposição dos principais parceiros ocidentais de Israel, como EUA e Reino Unido.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, a guerra já matou mais de 34 mil civis palestinos. Cerca de 80% da população fugiu das suas casas para outras partes do enclave costeiro sitiado, que os especialistas e organizações dizem estar à beira da fome.
LESTE EUROPEU
ARMAS AOS UCRANIANOS
Itens dos estoques do Pentágono na Alemanha devem ser enviados rapidamente por trem para a Ucrânia, que tem a expectativa de receber mísseis ATACMS, usados em 2023 para atingir duas bases aéreas russas, destruindo nove helicópteros.
Mas os EUA têm um número limitado desses armamentos, e autoridades já disseram que o resto do arsenal ATACMS está reservado para planos de contingência caso haja guerra contra Rússia, Coreia do Norte ou China.”
O montante desta “ajuda” ascende a bilhões de dólares ao longo pelo menos desde 1945, final da 2ª Guerra, início da “Guerra Fria”, trocando o ex-inimigo Alemanha pelo ex-aliado URSS e consequente permuta do projeto econômico e político para o planeta.
Nunca fomos brindados com detalhamentos desta “ajuda”. A experiência de sete décadas nos prova a inversão fantástica dos significativos vocábulos “Ajuda Democrática”, “humanitária”, exatamente pela sua antípoda. Verifique-se a montagem de sistemas de alianças e condutas pós 45 dos USA como potência hegemônica e Aliados. “Os Estados Unidos renunciaram aos dois terços de seu crédito sobre a França. Novos empréstimos internacionais. Nos Estados Unidos, o Plano Marshall forneceu à França, em dois anos, 1300 milhões de dólares. Este donativo não é um empréstimo – era interessante para a França, mas também para toda a comunidade ocidental, compreendendo os EUA, à medida que permitia o soerguimento de um cliente importante para o futuro.” (Fonte: MAURO, Frédéric. HISTÓRIA ECONÔMICA MUNDIAL. 1790-1970. Zahar Edit. RJ, 1973, p. 413).
“O plano atraiu enormemente até mesmo os comunistas da Europa oriental. O próprio Stalin deve ter hesitado por um momento: e antes de fins de junho mandou Molotv e grande número de especialistas a Paris com o fim de verificarem que benefícios poderia o Plano proporcionar à Rússia. Veio a saber-se que para obter ajuda, a União Soviética devia em primeiro lugar, preparar um balancete de seus recursos econômicos; e, de acordo com os peritos soviéticos, os norte-americados ligaram à ajuda condições que tolheriam a URSS em seu planejamento econômico e impediriam que Europa oriental nacionalizasse suas indústrias.
Além disso, os norte-americanos estavam então dispostos a reabilitar a economia da Alemanha ocidental e não fazer caso dos direitos da Rússia, Polônia e Tcheco Eslováquia a reparações alemãs (12). Stalin não poderia deixar de rejeitar estas condições”. (Fonte: DEUTSCHER, Isaac. STALIN, a História de Uma Tirania. Trad. José L de Melo. Civilização Brasileira, RJ, 1970, vol 2, p. 531).
O caudal de dólares, apoio político e militar alimentou fartamente aliados na Guerra Fria tornando-os reféns, jungindo-os de dominar e sufocar a Rússia Soviética e o mundo socialista em organismos econômicos, políticos e militares (dólares, Plano Marshall, Otan, bomba atômica, decisões da Conferência de Bretton Woods, jul/1944…).
Além da poderosa Otan, centenas de bases e centros de informação cingem a Rússia em articulação com diplomacia política para preservar e ampliar os mega interesses hegemônicos. A “ajuda” é o mega combustível deste imenso e insaciável sistema em guerra de intensidade e estratégias variáveis (Ver Guerras Híbridas, de Andrew Korybko). Os bilhões de “ajuda” não constituem donativo. A filantropia está ausente. Trata-se de investimento que compromete essencialmente os interesses mandantes das potencias hegemônicas. Se a desagregação da URSS em 1991 deixou a potência americana provisoriamente como potência vencedora, atualmente esta hegemonia sofre crescente contestação, em todos os setores, sobretudo da potência chinesa.
Além da OTAN, SEATO e organismos correlatos, destacam-se vinculados à ONU: Organização para o abastecimento e Agricultura (FAO), Organização Internacional do Trabalho (O.I.T), Acordo Geral sobre as Tarifas Aduaneiras (G.A.T.T.), Fund Monetário Internacional (FMI), Banco Internacional para a Reconstrução (B.I.R.D.).
Apesar do sistema mundial de informação carecer de maior confiabilidade, é possível filtrar dados esclarecedores: “As infraestruturas de comunicação apresentam dois eixos de problemas. O primeiro vem do fato que os principais modos de circulação mundial da informação passam pelos Estados Unidos e pela Grã-Bretanha. Ambos aprovaram leis secretas que obrigam os mediadores privados – Google, Microsoft, Apple, Verizin e outros – a dar acesso integral do conteúdo das comunicações. E como quase todas passam pelos dois países, a captação é facilitada. O resultado é um sistema planetário de controle de conteúdo privados, tanto pessoais como empresariais e governamentais, por parte de dois gigantes de segurança, o NSA americana e o GCHQ britânico, que trabalham em estreita colaboração. Muito se investiu na mídia para minimizar a importância do processo. A luta contra o terrorismo parece justificar praticamente tudo, inclusive grandes centros de tortura e detenção ilegal espalhados pelo planeta, mas em termos econômicos, o fato de empresas americanas ou britânicas poderem acessar as informações sobre o Pré-Sal antes de fazer as suas propostas, ou ainda as comunicações privadas ou oficiais de Dilma ou da chanceler alemã, gera uma mudança planetária de estrutura de poder, em que grandes corporações passam a utilizar os serviços de segurança e a correspondente capacidade de pressão política para negociar contratos econômicos. Falar aqui em mercado e mão invisível, francamente não é o caso. O segundo eixo de problemas está ligado à cartelização do uso dos sistemas privados de acesso às comunicações. As duas maiores fortunas do planeta, anunciadas em 2014, são do mexicano SLIM e do americano GATES. Ambos são intermediários do acesso ao principal fator da economia moderna, a informação e o conhecimento em geral. Ignacy Sachs resumiu a questão numa frase: no século XX, o poder era de quem controlasse as fábricas, no século XXI será de quem controla o conhecimento” (Fonte: DOWBOR, Ladislau. OS MECANISMOS ECONÔMICOS, SP, 2014, p. 20). É possível compreender a soberba de Elon Musk (Ver “Musk Critica Moraes que Responde Incluindo Bilionário em Investigação. ZH, 8/4/24, p. 8). Pertinente também, vg, ARAPUCA ESTADUNIDENSE, de Frédèric Pierucci e Outro, Ketter Editorial, 2021).
Pululam as informações de venda ou doação (?) de armas e os bilionários interesses envolvidos. “Trump jogou para a torcida. Culpou o inimigo de ambos, o Irã, como responsável por disseminar o terrorismo pelo mundo. Claro que o faz como evidentes segundas intenções. Uma, para ser visto como o oposto de Barack Obama que firmara um acordo com os iranianos. Mas, o principal, a venda de armas no valor de 120 bilhões de dólares para Ryad. Sem contar com 100 milhões que a filha Ivanka arrancou para o recém-criado fundo de amparo à Mulher e a parceria dos sauditas nos negócios imobiliários de Trump”. (Fonte: SOARES, Jurandir. QUEM APOIA O TERROR? Correio do Povo, 27/5/2017, p. 10).
“O segundo ponto a demonstrar o momento dramático a que o conflito chegou foi o envio pelos Estados Unidos de munições claustra para emprego da Ucrânia.
Quando explodem, esses artefatos se partilham em pelo menos outras 600 minibombas expandindo por quilômetros seu poder devastador e amplificando o terror. Essas munições, chamadas também de bombas de fragmentação, são tão mortais e traiçoeiras que, há anos, busca-se sem sucesso, proibir seu uso” (Fonte: LOPES, Rodrigo. A GUERRA CHEGOU A UM NÍVEL DRAMÁTICO. ZH, 19/7/2023, p. 11).
“Assim, a Suprema Corte tinha, até segunda feira, o poder de derrubar medidas do governo e indicações de ministros e outros servidores para cargos públicos que não fossem “razoáveis” – de alguém, por exemplo, envolvido em casos de corrupção. Essa decisão de limitar os poderes ganha mais peso porque Netanyahu é réu, acusado de suborno, fraude e quebra de confiança.
Essa mudança empreendida pelo governo, com aprovação do parlamento, é apenas a primeira do pacote.
Outra é a mudança na composição de Comissão que faz a seleção dos juízes da Suprema Corte. A alteração desequilibra a Comissão para o lado político” (Fonte: LOPES, Rodrigo. PORQUE A DEMOCRACIA DE ISRAEL ESTÁ EM RISCO. ZH, 27/7/23, p. 13. Ver tb. BUTTIN, Maurice. IMPERIALISMOS, SIONISMO e PALESTINA. In: O Livro Negro do Capitalismo/Org. Gilles Perrault, RJ, Record, 1999, p. 131).
Indispensável ter claríssimo as pretensões das partes e sua umbilical conexão dialética global.
“De sua parte, o presidente Putin detalhou, no início da semana, o que quer para parar com a guerra. E neste elenco se inclui a neutralidade da Ucrânia, ou seja, não fazer parte da OTAN, desarmamento ucraniano, proteção dos russos na Ucrânia, a desnazificação da Ucrânia, negociação cara a cara com Zelensky e posse da Criméia e da região de Donbas. Ou seja, tudo o que um quer bate de frente com as pretensões do outro. Assim, por mais que os participantes do encontro estejam imbuídos da vontade de buscar a paz, este caminho não é vislumbrado” (Fonte: SOARES, Jurandir. A GUERRA E A PAZ. Correio do Povo, 5/8/23, p. 8).
O que os analistas pró “Ocidente” tipo J. Soares e R. Lopes, usufruidores fartos e exclusivos espaços na “livre imprensa”, o que raramente aparece são as razões mais profundas do conflito não restrito à Rússia e Ucrânia e não “apenas” a Israel versus Hamas/Palestinos. “Aqui o FRIENDSHORING assume a forma de um acordo de associação política e integração econômica (5) entre a União Europeia e a Ucrânia, cujas negociações começaram no fim dos anos 2000. O episódio teve um papel crucial na genealogia do conflito entre a Rússia e a Ucrânia. No fim de 2013, as duas partes estavam prontas para assinar o texto quando o presidente ucraniano Victor Yanakevich inesperadamente se retirou, sob pressão da Rússia. Essa recusa desencadeou os tumultos da Praça Maidan e, algumas semanas depois, a queda do governo e sua substituição, em fevereiro de 2014, por uma equipe pró União Europeia, que acabou assinando o acordo. Seguiu-se a anexação da Criméia pela Rússia (fevereiro-março) e a proclamação das Repúblicas Populares de Dontsk e Lugansk (abril-maio). (…) A vontade de retirar este país da influência russa orientava a política polonesa havia décadas (7) a tal ponto de antes mesmo de sua própria integração à União Europeia, em 2004, a Polônia já se colocar a favor da integração da Ucrânia. A França e a Alemanha, porém, mostravam-se mais cautelosas.
Acompanhado de um programa de apoio no valor de 11 bilhões de euros entre 2014 e 2020, o Acordo de Associação entre a Ucrânia e a União Europeia finalmente entrou em vigor em 1º de setembro de 2017. Quantos cidadãos do bloco europeu leram suas 2135 páginas – já que não se pode esperar de ninguém o impossível – venceram os obstáculos introdutórios sobre a paz, o desenvolvimento sustentável, a transparência e a sociedade civil e o “diálogo intercultural”? Aqueles que conseguem se desembaraçar de toda essa capa inútil que recobre o texto chegam finalmente ao que deveria ser chamado de tratado de Anexação voluntária. Ele consiste antes de mais nada em um “acordo de livre comercio profundo e abrangente”, calcado no Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT), de 1994. De uma forma muito clássica, os capítulos dedicados ao comércio instam a Ucrânia a remover a maior parte dos dispositivos que distorcem a livre concorrência (subsídios, normas etc.).
No entanto, o essencial está em outro lugar: para estabelecer “relações baseadas nos princípios da economia de mercado livre” (art.3), a Ucrânia “tudo fará (…) para progressivamente aproximar suas próprias políticas daquelas estabelecidas pela Uniao Europeia, conforme os princípios orientadores da estabilidade macroeconômica, do saneamento das finanças públicas e da viabilidade da balança de pagamentos” (art. 343). Em suma, a única opção permitida será a austeridade” (Fonte: RIMBERT, Pierre. A UCRÂNIA E SEUS FALSOS AMIGOS. Le Monde Diplomatique Brasil, outubro/2020, p. 24).
Sob influência do Acordo Ucrânia/UE, a Ucrânia esvaziou os Acordos de Minsk, 2015. Também se fazem acrobacias aparentemente inverossímeis para forjar argumentos.” O Sionismo reduz o exílio à sua dimensão material, uma injustiça cometida por outras nações, que deve ser remediada pela criação de um lar na Palestina. Tal releitura passa por estabelecer, por um lado, uma ligação entre a história judaica durante quase 2 mil anos, para favorecer um mito nacional (3) (…) “Para um estudante israelense, o país definido como sua terra natal não tem história entre a Antiguidade bíblica e a colonização sionista, o passado muçulmano da Palestina é obscurecido nos programas”, observa Kraktzkin. “Deus Não existe, mas ele nos deu esta terra”; esse paradoxo resume o messianismo secular. Na Tradição, a Terra Prometida – Sião – representa mais a redenção do que um lugar, um horizonte de paz e de justiça que acompanhará a vinda do Messias”. (Fonte: WAELES, Anne. ATEISMO E SIONISMO: “DEUS NÃO EXISTE, MAS DEU ESTA TERRA. Le Monde Diplomatique Brasil, abril/2024, p. 7). No caso da Palestina a questão matriz reside no questionamento ao direito da ONU de esquartejar em traumática arbitrariedade escudada no Acordo sigiloso Skykes-Picot, na Declaração Balfour, nas tratativas entre aliados na Primeira Guerra e sequela (fragmentação do Império Otomano), no Protetorado do Reino Unido em atendimento à concepção de T. Herzel em O Estado Judeu, 1896.
Entretanto, nem mínimo arbitrado é respeitado. “Finalmente, a Assembleia Geral da ONU aprovou o Plano da Partilha da Palestina, por 33 votos contra 13 (os países árabes e a Índia) e dez abstenções. As organizações armadas sionistas ocuparam as grandes cidades e começaram a expulsar s palestinos em massa, sob o argumento de que era iminente um ataque dos exércitos árabes. Símbolo desta política é a matança ocorrida na aldeia de Deir Yassim, em abril de 1948, quando todos os habitantes foram assassinados pela “Irgua”, o grupo extremista dirigido por Menahen Begin, futuro primeiro-ministro israelense”. (Fonte: GUIA DO TERCEIRO MUNDO 89/90. Editora Terceiro Mundo, RJ, 1989, P. 338. Diretor geral: Neiva Moreira).
“A ONU aprova a partilha da Palestina, que deveria criar naquela região dois Estados, um judeu e um palestino. O Estado judeu ficaria com 56,4% do território, o palestino ficaria com 42,9% e 0,7% correspondente à cidade de Jerusalém, seria administrado pela ONU, por ser local sagrado para cristãos, judeus e muçulmanos. Além de receber a maior parte dos território palestino, o Estado judeu ficou com as terras mais férteis. No ano da partilha (1947), a população árabe-palestina era maioria absoluta em 15 dos subdistritos existentes. Somente em Jaffá a maioria dos habitantes era formada por Judeus. A população era de 1.310.000 árabes-palestinos e de 630.000 judeus. Quem coordenou a votação na Assembleia Geral da ONU foi o diplomata brasileiro Oswaldo Aranha, ex-ministro das Relações Exteriores. Orientado pelo Governo brasileiro para acompanhar o voto dos EUA, Aranha adiou por dois dias a votação, para que o Lobby sionista e estadunidense pudesse convencer outros países sobre a necessidade de criação do Estado judeu” (Fonte: BUZETTO, Marcelo. A QUESTÃO PALESTINA. SP, Expressão Popular, 2015, p. 50).
R. Lopes informa: “Com sede em Ramallah, a entidade governada pela Fatah, grupo político de Yasser Arafat, hoje representada por Mahmoud Abbas, é vista como ferramenta de Israel pela maior parte de sua população. Isso porque tem o controle total de apenas 11% do território da Cisjordânia, a chamada Área A. Na chamada Área B, o poder é compartilhado com Israel. Em estantes 61%, a área C, são controlados por Israel.
Assim, aos olhos do cidadão comum, que vive entre check points e blindados israelenses, a ANP brinca de governar um país de faz de conta.
Enquanto a população sofre constrangimentos no que deveria ser sua terra, seus altos representantes muitas vezes têm autorizações especiais para viagens dentro da Cisjordânia e até em Israel. Sem falar que governam o território como uma autocracia. Abbas, eleito em 2005, teria mandato de quatro anos. Mas, desde aquele ano, segue entronado no poder, presidindo por decreto um sistema falido. Hoje, segundo o Palestinian Center for Policy and Survey Research, 62% dos palestinos vem a ANP como “um fardo”, e 78%, conforme o mesmo instituto, querem a renúncia de Abbas.
Esse é o diagnóstico, ao qual não é difícil chegar – basta observar o silencio de Abbas nos dias seguintes aos atentados terroristas de 7 de outubro, e a ausência da ANP de qualquer tipo de interlocução. Há um silêncio constrangedor. O complicado mesmo, no entanto, é a solução. Se Abbas convocar eleições, há grandes chances de a Fatah perder o controle da ANP para o Hamas, assim como ocorreu em Gaza, em 2006. Seria o pior dos mundos. Sendo assim, é melhor para todo mundo (EUA, Israel, Governos árabes e a própria Fatah) fechar os olhos. Disfarçar. Ruim com a Fatah, pior muito pior, com o Hamas” (Fonte: LOPES, Rodrigo. UMA VERDADE INCOVENIENTE. ZH, 20/11/2023, p. 10). Impossível calar a conclusão calamitosa do analista nos veículos da RBS. Rodrigo Lopes tem o direito questionável de ser Pró Netanyahu, pró EUA, pró Zelensky. Mas, vaticinas, após a péssima posição de Abbas e Fatah, equivale a aplaudir a política dos EUA, OTAN, UE, Zelensky contra a Rússia e demonizar o Hamas, “grupo terrorista”, “muito pior que a inércia ruim de Abbas” é dose intragável. Gigantesca proposição de Rodrigo Lopes: “Disfarçar. É melhor para todo mundo”! Os milhares de palestinos massacrados nos últimos 75 anos não estão incluídos no “todo mundo” de R. Lopes e tampouco profetizariam contra o HAMAS no espírito da “única democracia do Oriente Médio” intransigentemente sustentada pela “maior democracia do mundo”.
No mesmo refrão de uma nota única J. Soares: “Um passo importante neste sentido foi dado nesta sexta-feira, em Tel Aviv, pelo Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken. “A única maneira de garantir uma segurança duradoura para Israel é os palestinos “realizarem as suas aspirações legítimas para o seu próprio Estado”, disse Blinken numa entrevista coletiva”. Esta, sem dúvida é a questão chave neste conflito. Mas, não é fácil no atual contexto, porque implica agora não só a implementação de negociações políticas para tal como também ações de força para eliminar o Hamas. E essa eliminação do grupo terrorista passa, fundamentalmente, por dois países, Irã e Catar, que são seus financiadores e fornecedores de armamentos. O apoio do Irã não surpreende, pois se trata de uma república fundamentalista islâmica, plenamente identificada com os ideais do Hamas. Agora, o que surpreende é o apoio do Catar, uma monarquia do Golfo que a exemplo de seus vizinhos, investe maciçamente nos negócios de turismo. Algo que ficou escancarado com o fato de ter sediado recentemente a Copa do Mundo de futebol.
Trabalhar neste sentido é o caminho para o pós-guerra, numa iniciativa que deve ser conduzida pelos Estados Unidos”. (Fonte: SOARES, Jurandir. RETROCESSO E SOLUÇÃO. Correio do Povo, 4/11/23, p. 9)
Para não variar a monotonia unilateral pró Tel Aviv, Kiev, UE, Washigton, OTAN, Jurandir Soares modestamente preceitua “a negociação deve ser conduzida pelos Estados Unidos”, o Hamas, escolhido pelos Palestinos, seja excluído e em seu lugar seja escolhido o Fatah, justamente a visão (omissão) derrotada, posição afrontosamente anti-palestina e anti-Irã, semelhante à de T. Milman atribuindo ao oponente anti-semitismo e não se pejando de uso indevido da religião. “Amichai Friedman, rabino do Centro de Treinamento da brigada Naha, afirma que a guerra deve permitir o restabelecimento dos assentamentos de Gush Katif, desmantelados durante a retirada israelense na Faixa de Gaza e muito além. “Este país é nosso, incluindo Gaza, incluindo o Líbano, tudo é a terra Prometida”, afirma o capitão ovacionado pelos soldados. Inicialmente desaprovado pel comando militar, e suspenso por trinta dias, acabou ganhando outro posto rabínico no mesmo regimento”. (Fonte: SCHATTNER, Marius. ISRAEL: DIRIGENTES LAICOS LANÇAM MÃO DA RELIGIÃO. Le Monde Diplmatique Brasil, abril/2024, p. 5).
O que não parece dúvida é a voracidade dos fabricantes, financistas e comerciantes de armas. “Ucrânia, Gaza, Balcãs, Mar Vermelho, Pacífico: a onda é o crescimento das armas. O STOCKOLM INTERNARIONAL RESEARCH INSTATUTE (SIPRI) observa que os gastos militares globais, em alta em 2022 pelo oitavo ano consecutivo, nunca foram tão significativos desde o fim da Guerra Fria: 2,055 trilhões de euros, ou 2,2% do PIB global (…). A Rússia, depois de se retirar de vários tratados de armas, aumentou as dotações militares em 70% em seu orçamento de 2024, voltando aos níveis dos anos 1980-1990: “Tudo para a frente, tudo para a vitória”, proclamou Anton Siluanov, Ministro das Finanças russo, ao apresentar seu orçamento. Seus anunciados 10,8 trilhões de rublos (R$588 milhões), ou 6% da Federação, serão usados em particular para retomar as linhas de produção aceleradas de obuses, tanques e drones, mas também em pagar os soldados mobilizados e compensar as famílias dos mortos nas frentes de batalha. (Cf. Dallagnol, Augusto C. RÚSSIA: Queda e Ascenção). De acordo com uma estimativa, o Exército russo terá disparado mais de 2 milhões de obuses em 2023, o dobro do ano anterior. O site da ORYX estima em 10 mil o número de veículos terrestres russos que foram danificados ou destruídos na Ucrânia” (…) as despesas militares da Lituânia entre 2014 e 2022, no entanto, aumentaram 270%, as da Letônia, 173%, e os orçamentos de defesa da Finlândia, Hungria, Eslováquia, Romênia, República Tcheca e Eslováquia explodiram, bem como o da Polônia. Este último país agora gasta 4% do seu PIB em defesa e quer dobrar os efetivos de seu exército; abastece-se, entre outras coisas, de tanques Abrahms, lançadores de foguetes e obuses da Coreia do Sul, tornando-se de repente um dos pesos pesados da OTAN, a lado da Alemanha. Esta última ainda não comprometeu os 100 bilhões de euros alocados em 2022 ao Fundo Especial para a modernização da Bundeswehr, (2) mas, pouco sensível ao argumento da ‘preferência europeia” não esconde sua atração pelos sistemas antimísseis israelo-norte-americanos e acaba de encomendar caças F-35 da norte americana Lockhed Martin, a maior fabricante de armas do planeta.
Os problemas enfrentados pelos russos permitiram que a França ocupasse temporariamente o segundo lugar no ranking mundial de vendedores de armas, com o valor total de exportação de 27 bilhões de euros em 2022 – um recorde histórico alcançado em particular por causa do “contrato do século” conquistado pela DASSAULT nos Emirados Árabes Unidos – por muito tempo considerado invendável, o Rafaele se tornou um grande ativo na panóplia de exportação francesa. Além dos habituais fabricantes europeus de armas, como Reino Unido, Alemanha, Itália e Espanha, novos atores estão se posicionando. A Coreia do Sul, em particular, já presente no “TOP 10” dos países fornecedores, aspira se tornar um dos maiores exportadores do mundo. O País da Manhã Tranquila está abertamente visando à quarta posição dos países exportadores, atrás da França e da Rússia, aproveitando ao máximo o “efeito Ucrânia”. (Fonte: LEYMARIE, Philippe. O Grande Acelerador do Armamento Global. Le Monde Diplomatique Brasil, Janeiro/2024, p. 30). Acrescente-se com base na mesma fonte: O Japão revoga o compromisso constitucional desde 1945 e desde aliado dos Estados Unidos “virar a página do Pacifismo” e o orçamento militar aumenta para 2% do PIB. “Os mísseis de longo alcance TOMAHAWK já lhe foram prometidos por Washington – um privilégio até então reservado apenas ao Reino Unido e à Austrália”.
Cumpre salientar a potência nuclear chinesa com altos investimentos na pesquisa e produção armamentista aero-espacial e eletrônica-cibernética. Como quer que seja, após a Segunda Guerra Mundial, segundo o Instituto de Estocolmo, a dotação orçamentária americana, sozinha, supera o montante das demais potencias militares reunidas. O controle unilateral americano da pesquisa e produção bélica americana permite-lhe exportar apenas armamento superável americano, hegemonia que sobretudo Rússia e China buscam superar (Ver, a propósito, Augusto C. Dallagnol, RÚSSIA: QUEDA E ASCENSÃO. Ver, tb. Luiz Recena GRASSI, RÚSSIA CONDENADA, in ZH, 15/16/17/2023 e E. Jabbour, China, o Socialismo do Séc. XXI, da Boitempo).
“Assim, a anexação da Crimeia em 2014 – com o envio de soldados sem insígnia e apoiada por relações políticas internas – foi vista como uma aplicação bem sucedida dessa nova doutrina. No entanto, esse sucesso tático distanciou a Rússia de seu objetivo estratégico; ter uma Ucrânia pró-Rússia (ou pelo menos neutra) em suas fronteiras. Tendo assegurado o controle da base naval de Sebastopol, a Rússia viu-se confrontada com um Estado que, embora menor, tornava-se ainda mais desafiador e mais bem armado por causa da ajuda ocidental. A invasão da Ucrânia, precedida de ultimatos diplomáticos dirigidos aos Estados Unidos e à OTAN em novembro-dezembro de 2021 ainda pretendia uma ação pontual: derrubar o governo ucraniano, com inspiração no ataque norte-americano ao regime talibã no Afeganistão (2001) e depois contra o governo de Saddam Hussein no Iraque (2003) (…). “A Ucranização corresponde a processo clássico de construção de um Estado-nação; um povo, uma língua, um governo central (15). Desde 2014, e ainda mais de pois de 2022, esse processo se acelerou. O governo procurou então desmantelar a Igreja Ortodoxa Ucraniana, ligada ao Patriarcado de Moscou, e substitui-la por uma Igreja Nacional autocéfala, criada em 2018; (16) depois dos topônimos soviéticos, foram proibidos nomes relacionados à Rússia para batizar locais públicos, somando a “desrussificação” à “descomunização” iniciada em 2015; estátuas de líderes militares e artistas, outrora considerados patrimônio comum da Rússia e da Ucrânia, foram destruídas; livros em russo foram retirados das bibliotecas públicas, etc.” (Fonte: FEDIANIN, J. S. e RICHARD, Híène. A RÚSSIA É IMPERIALISTA? Le Monde Diplomatique Brasil, Janeiro/2024, p. 34).
Sistematicamente cada lado defende seu armamentismo na necessidade de se defender e/ou prevenir ainda que imaginária e/ou mega hipocritante como alegou Bush que “enxergou armas biológicas” no Iraque de S. Hussein. O “micro equívoco que confundiu armas biológicas com petróleo, todavia, não ensejou nenhum tribunal nem da ONU nem do Tribunal Penal Internacional sediado em Haia (o signo da desconfiança sistemicamente inerente aos modelos de organização econômica e política de nações e suas instituições têm sua dialética de bumerangue…). especial atenção e valorização; “Quanto ao Conselho de segurança, a salvaguarda (no papel) do direito internacional, seu histórico fala por si. Embora a ocupação do Kuwait pelo Iraque em 1990 tenha levado a sanções imediatas contra este último, juntamente com uma resposta militar que mobilizou quase um milhão de homens, a ocupação israelense da Cisjordânia continua durante mais de meio século sem que o Conselho movesse um dedo.
Em 1998-1999, sem conseguir aprovar uma Resolução autorizando o ataque à Iugoslávia, os Estados Unidos e seus aliados recorreram à Otan, em flagrante violação da Carta das Nações Unidas, que proíbe guerras de agressão. Kofi Annan, Secretário Geral da ONU designado pelos Estados Unidos, explicou calmamente que, embora a ação da Otan possa não ter sido legal, ela era, no entanto, legítima. Quatro anos mais tarde, depois de os Estados Unidos e Reino Unido terem atacado o Iraque, contornando o Conselho de Segurança, sob a ameaça de veto da França, Annan fez a operação ser retroativamente aprovada pela adoção unânime da Resolução nº 1483, que reconheceu esses dois países como “potenciais ocupantes” e garantiu o apoio das Nações Unidas. podemos prescindir do direito internacional para lançar uma guerra, mas ele vem bem a calhar quando se trata de legitimá-la após o fato. A natureza discriminatória da ordem mundial nascida durante a Guerra Fria não pode ser mais evidente em nenhum outro lugar do que no Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (1968), que reserva apenas aos membros permanentes do Conselho de Segurança o direito de possuir e utilizar bombas de hidrogênio. Israel, atropelando esse acordo, tem há muito tempo um vasto arsenal nuclear, mas não convém mencionar este fato. Ao mesmo tempo, as grandes potências punem a Coreia do Norte e o Irã por tentarem fazer o mesmo – uma ilustração eloquente dos paradoxos do direito internacional.
Isto quer dizer que esse direito seria desprovido, na pratica, de qualquer universalidade? Não, uma vez que ele é universal pelo menos em um aspecto: todos os Estados do planeta o reivindicam para garantir imunidade diplomática a seu pessoal no estrangeiro – um princípio respeitado de maneira incondicional, inclusive quando o país anfitrião declara guerra ao país representado. Desnecessário dizer que as embaixadas dos grandes Estados e da maioria dos menores estão repletas de agentes empregados exclusivamente em missões de espionagem, sem nenhuma base legal. Tais inconsistências não ajudam a restaurar a imagem do direito internacional”. (Fonte: ANDERSON, Perry. O DIREITO INTERNACIONAL DO MAIS FORTE. Le Monde Diplomatique Braasil, fevereiro/2024, p. 22).
Simplesmente pavorosa a quantidade e gravidade das violações dos direitos internacionais óbvios. Exemplo: Condenação de V. Putin pelo T.P.I., Haia, 2022, o bombardeio por Israel da Central Nuclear do Iraque, início da década de 1980 e o sistemático desrespeito de Israel às resoluções da ONU que lhe concernem. Dispensável recordar violação da embaixada do México no Equador, 2024!
As gigantescas e unilaterais sanções econômicas ao sabor sádico (retenção de ativos, manipulação de acesso a título, instrumentos de intercâmbio econômico, a matéria prima estratégicas como petróleo, gás, lítio, rotas… Interferências armadas não reciprocas forçam o enorme prato da balança em favor de seus interesses. ‘As sanções econômicas dos países ricos contra o ataque da Rússia à Ucrânia seguem em escalada, com o banimento ou redução de compras da maior riqueza russa, o petróleo (leia mais abaixo). A essa altura todas as agências de classificação de risco colocaram as avaliações dos títulos da dívida publica da Rússia no Nível identificado como “lixo” (junk) no mercado financeiro e pelo menos duas já veem situação de calote nos pagamentos (…). Antes disso, as três agências que dominam a atenção dos investidores – da Moodys, Fitch Standard e Poor’s já haviam rebaixado para o nível chamado de ‘especulativo” no jargão do segmento e apelidado de ‘junk’, ou lixo em português (…)
Até agora, a China vem socorrendo financeiramente o pais com o qual anunciou “aliança sem limites”. Depois que VISA e Mastercard anunciaram a interrupção das operações na Rússia o UNION PAY chinês tenta substituir as duas redes globais” (FONTE: Sfredo Marta. Possível Calote da Rússia é Risco também para o Brasil. ZH, 9/3/22, p. 9)
‘Se há expectativa de que a tensão militar entre China e Taiwan comece a baixar, os riscos econômicos surgidos com reação à visita da presidência da Câmara de Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, à ilha em disputa seguem no radar.
O primeiro foi concretizado no anuncio da suspensão de toda cooperação da China com EUA em temas de aquecimento global, além de outras áreas. Outra, apenas potencial, mas com ameaça de efeito mediato, caso se concretize, é sobre o suprimento global de semi condutores (…)” conforme o relatório do Boston Consulting Group publicado no ano passado, Taiwan responde por nada menos de 92% da produção dos semicondutores mais avançados, com n´s abaixo de 10 nanômetros (para simplificar, quanto menores, os circuitos são mais eficientes, porque podem faz mais cálculos sem aquecer muito). Os outros 8% estão na Coreia do Sul”. (Fonte: SFREDO, Marta. O RISCO ECONÔMICO DA CHINA CONTRA EUA, ZH, 8/8/22, p. 9).
Questionamentos essenciais se impõem:
- A “ajuda” bilionária americana em dólares e/ou armamento, informações, punições, “colaboração” é empréstimo? A que custo? Prazo? É doação? Caso afirmativo, qual a razão de tão bilionária “generosidade”?
- O complexo do Estado Militarista (F. Cook. Eisenhover muito falou ao se despedir da presidência dos USA), o complexo nos USA pertence basicamente aos monopólios privados, detentores das patentes e, por sua vez, dependentes ou associados da mega fiança e do mega “cliente” Estado, mormente da colossal estrutura militar. Pela lógica de manter e justificar esta máquina militar carece este “cliente” dependente precise produzir incessantemente em quantidade e qualidade o armamento e tudo quanto a ele se relacione. Daí derivaria logicamente competição com potencial de destruição total e recíproca do planeta, em assombrosa intensificação sem trégua.
“Nixon decretou em 1971 o fim da paridade do dólar em relação ao ouro e adotou medidas comerciais protecionistas, com o intuito de recuperar a competitividade da economia americana. Paralelamente, iniciou-se no mesmo ano uma política de aumentos reais escalonados no preço do petróleo, anunciados bruscamente por se íntimo aliado, o Xã do Irã. Os Estados Unidos, apesar de uma dependência considerável em importações, eram grandes produtores de petróleo, matérias primas e alimentos. E foram justamente estes produtos que conheceram um aumento significativo, afetando a economia internacional”. (Fonte: VIZENTINI, Paulo F. HISTÓRIA DO SÉCULO XX. Novo Século, 1998, p. 145).
A emissão de tão estrondoso montante de moeda americana sem a proporcional ancoragem no lastro real arbitrariamente permutado pelo Governo R. Nixon, 1971, implica liberar inflação que repercute negativamente nas demais moedas na proporção de sua conexão com o dólar, isto é, nós também ajudamos a financiar, indiretamente Ucrânia, Israel e Taiwan.
O diagnóstico formulado há mais de meio século persiste dramaticamente atual com a perspectiva de suicídio planetário, caso não se supere com extrema seriedade a matriz da concorrência e desconfiança reciprocamente letal. “Seria errôneo deixar a impressão de que somente a oligarquia foi favorável ao aumento crescente nas despesas militares durante esses anos. Supondo-se a permanência do capitalismo monopolista com a sua provada incapacidade de usar racionalmente, para finalidades pacíficas e humanas, o seu enorme potencial produtivo, teremos de decidir se é preferível o emprego em massa e o desespero característicos da Grande Depressão ou a relativa segurança de emprego e bem estar material proporcionados pelos enormes orçamentos militares das décadas de 1940 e 1950, como a maioria dos americanos, inclusive os trabalhadores, ainda acredita, sem dúvida, na permanência do sistema, é apenas natural que deva preferir a situação que é pessoalmente mais vantajosa. E, para racionalizar esta preferência, aceita a ideologia oficial do anticomunismo, que parece justificar a expansão ilimitada da estrutura militar como essencial à sobrevivência nacional. Contra esse pano de fundo é fácil compreender por que houve tão reduzida oposição política, nos últimos anos, à ampliação dos orçamentos militares. Num Congresso caracterizado normalmente pela luta acerca entre grupos de influência e pressão, surge logo uma majestosa unanimidade, quando é feito um pedido de mais bilhões para as forças armadas, competindo os congressistas, entre si, pela honra de propor os maiores aumentos” (32) (Fonte: BARAN, Paul e SWEEZY, P. M. CAPITALISMO MONOPOLISTA. Ensaio Sobre a Ordem Econômica Americana. Zahar Editores, RJ, 1974, p.210. recomendável cap. 7). Para este fim cabe questionar o papel, o poder e o dever da ONU ainda hoje pouco democrático, desigualmente operante, gravemente omisso, como disse acima P. Anderson. Qual a razão de existir uma OTAN, e congêneres alianças militares? Ao contrário do que alega, se constitui no braço armado de USA/UE para intervir em todo o planeta sem controle da ONU (nos últimos 30 anos instalou-se militarmente no leste europeu instalando mísseis a meio a dúzia de minutos de Moscou…). Sua expansão é provocativa, custosa e de natureza macartista. Constitui afronta ao direito e à ética passar a armar, subsidiar e informar o atual governo da Ucrânia e ao mesmo tempo alegar não intervenção, isto é, considera-se no direito de agredir, indiretamente, sem reconhecer ao agredido equivalente direito de resposta. Caberia ser extinta como foi o Pacto de Varsóvia.
A produção e comércio de armas deveria ser controlada. Talvez por uma ONU bem mais democrática. Todas as pessoas, até por interesse, precisarão se empenhar, via organizações de trabalho e de convivência por justiça, penhor de paz e progresso universal.
As crenças organizadas via Igrejas e entidades deverão atuar mais na realidade. Sumamente perturbador que a Palestina e Jerusalém, berço histórico de três grandes crenças religiosas, Catolicismo, Judaísmo e Islamismo, não consigam chegar a uma convivência humana com tão sublimes princípios que apresentam. (Recomenda-se sobretudo ESBOÇO DE UMA AGENDA, de Ladislau DOWBOR, na obra A ERA DO CAPITAL IMPRODUTIVO, SP, Autonomia Literárias, 2017).
Por: Ernesto Cassol
Prof na URI/Erechim